Adil Bahia
Quando chegar o amanhã
Eu já terei partido daqui
Não existirá mais a imagem
Nem mesmo um rastro de mim
Quando chegar o amanhã
A lua já terá se escondido
E meus sonhos mais ocultos
Estarão desfeitos por ti
Quando chegar o amanhã
As cores não mais existirão
Meu mundo será como o caos
Escuro, negro e sem nós
Quando chegar o amanhã
Não haverá verdade absoluta
Nem mentiras capazes de dizer
Tudo o que fui ou o que sou eu
Quando chegar o amanhã
O sol se inibirá e não surgirá
Dos céus só a chuva cairá
Será meu choro, meu lamento
Quando chegar o amanhã
Lembrarás que já te disse
Com mil olhares sutis
Outras mil palavras de amor
Quando chegar o amanhã
Saberás de tua própria boca
O que sempre quiseste saber
Sobre o que penso ou sinto por ti
Quando chegar o amanhã
Encontrarás em cada carinho
Em cada afago ou carícia que fiz
Um beijo, dois beijos de mais amor
Quando chegar o amanhã
Verás que tudo era tão lindo,
Tão simples, tão perto e
Se tornou complexo, tão distante
Quando chegar o amanhã
Aquilo que vivemos passará
E num passe de mágica vai virar pó
A se espalhar no ar da saudade
Quando chegar o amanhã
Verás que tudo tem seu tempo
Que a flor tem de nascer no momento exato
Nem antes nem depois, mas durante o orvalho
Quando chegar o amanhã
Você não vai mais lembrar do hoje
O sim já haverá se tornado passado
E o talvez permanecerá futuro
Quando chegar o amanhã
Ainda estarei contigo a toda hora
Mas, agora em silêncio, sereno
Sem as loucuras do meu desejo
Quando chegar o amanhã
Procurarei teus em teus olhos
As respostas para tudo
E me dirás: “Sim, eu sei”
Quando chegar o amanhã
Saberás que de nada adianta
É tempo perdido, bobagens
Achar que te esqueci
Quando chegar o amanhã
E despertares do sonho
Verás que estou ao teu lado
ainda faço parte de ti
Quando chegar o amanhã
Aprenderás que nunca é tarde
Pra dizer: “Também te amo”
Mesmo que não queiras mais ouvir
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