quarta-feira, 12 de maio de 2010

Mesmo não queiras mais ouvir














Adil Bahia



Quando chegar o amanhã
Eu já terei partido daqui
Não existirá mais a imagem
Nem mesmo um rastro de mim.
Quando chegar o amanhã
A lua já terá se escondido
E meus sonhos mais ocultos
Estarão desfeitos por ti.
Quando chegar o amanhã
As cores não mais existirão
Meu mundo será como o caos
Escuro, negro e sem nós.
Quando chegar o amanhã
Não haverá verdade absoluta
Nem mentiras capazes de dizer
Tudo o que fui ou o que sou eu.
Quando chegar o amanhã
O sol se inibirá e não surgirá
Dos céus só a chuva cairá
Será meu choro, meu lamento.
Quando chegar o amanhã
Lembrarás que já te disse
Com mil olhares sutis
Outras mil palavras de amor.
Quando chegar o amanhã
Saberás de tua própria boca
O que sempre quiseste saber
Sobre o que penso ou sinto por ti.
Quando chegar o amanhã
Encontrarás em cada carinho
Em cada afago ou carícia que fiz
Um beijo, dois beijos de mais amor.
Quando chegar o amanhã
Verás que tudo era tão lindo,
Tão simples, tão perto
Se tornou complexo, tão distante.
Quando chegar o amanhã
Aquilo que vivemos passará
E num passe de mágica vai virar pó
A se espalhar no ar da saudade.
Quando chegar o amanhã
Verás que tudo tem seu tempo
Que a flor tem de nascer no momento exato
Nem antes nem depois, mas durante o orvalho.
Quando chegar o amanhã
Você não vai mais lembrar do hoje
O ontem já haverá se tornado passado
E o talvez permanecerá futuro.
Quando chegar o amanhã
Ainda estarei contigo a toda hora
Mas, agora em silêncio, sereno
Sem as loucuras do meu desejo.
Quando chegar o amanhã
Procurarei teus em teus olhos
As respostas para tudo
E me dirás: “Sim, eu sei”.
Quando chegar o amanhã
Saberás que de nada adianta
É tempo perdido, bobagens
Achar que te esqueci.
Quando chegar o amanhã
E despertares do sonho
Verás que estou ao teu lado
ainda faço parte de ti.
Quando chegar o amanhã
Aprenderás que nunca é tarde
Pra dizer: “Também te amo”
Mesmo não queiras mais ouvir.