quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O Ranking das Vodkas no mundo

O Ranking da Vodka no Mundo

A Revista Russian Life promove desde 1998 o Annual International Vodka Taste-Off, quando são experimentadas vodkas de alta qualidade comercializadas nos Estados Unidos. Já na sua quarta edição, o encontro consagrou vodkas de vários países da Europa. No primeiro encontro realizado em 1998 a melhor vodka foi a holandesa Ketel One. Nos anos seguintes outras vodkas européias conseguiram a melhor colocação. São elas: a finlandesa Finlândia em 1999, a inglesa 3 Olives em 2000 e a francesa Grey Goose em 2001.
 
Ranking
Marca
Origem
01º Finlandia Finlandia
02º Cristall Russia
03º Grey Goose França
04º Stolichnaya Russia
05º Ketel One Holanda
06º Skyy EUA
07º Fris Dinamarca
08º Absolut Suécia
09º Belvedere Polonia
10º Rain EUA
11º Stolichnaya Gold Russia
12º Smirnoff EUA
13º Chopin Polonia
14º Kremlyovskaya Russia
15º Tarkhuna Russia

2000
Ranking
Marca
Origem
01º 3 Olives Inglaterra
02º Cristall Russia
03º Stolichnaya Russia
04º Absolut Suécia
05º Charodei Bielo-Russia
06º Rain EUA
07º Skyy EUA
08º Tanqueray Sterling Inglaterra
09º Fris Dinamarca
10º Taaka EUA
11º Ketel One Holanda
12º Boru Irlanda
13º Finlandia Finlandia
14º Belvedere Polonia
15º Grey Goose França

2001
Ranking
Marca
Origem
01º Grey Goose França
02º Cristall Russia
03º Krolewska Polonia
04º Youri Dalgoruki Russia
05º Finlandia Finlandia
06º Jewel of Russia Russia
07º Vincent Holanda
08º Rain EUA
09º Ketel One Holanda
10º 3 Olives Inglaterra
11º Russian Standard Russia
12º Vox Holanda
13º Stolichnaya Russia
14º Vermont Spirits White EUA
15º Absolut Suécia
16º Mezzaluna Itália

A Voz do Pará





Atalla Ayan começou a estudar música ainda em 2002, no Conservatório Carlos Gomes, centro de Belém. As primeiras orientações a ele foram repassadas pela professora Malina Mineva, a quem Ayan exalta ao extremo. Quatro anos mais tarde o jovem paraense conquistava o segundo lugar entre os tenores da décima edição do Concurso Nacional Maracanto. No mesmo ano, como solista, interpretou a Nona Sinfonia de Beethoven tendo como regente da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz, o maestro Mateus Araújo
Em 2007, o tenor paraense obteve conquistas seguidas. Venceu o 1º prêmio de Júri e de Público, os prêmios Irmãos Nobre e A mais Bela Voz, no 1º Concurso Internacional de Canto Maria Helena Cardoso Coelho, realizado na capital paraense.
No palco do Theatro da Paz já foi Don Alvaro em O Guarany, de Carlos Gomes e Rinnucio em Gianni Schicchi, de Puccini. Participou também como solista do Stabat Mater de Rossini, também na maior casa de espetáculos do estado. Em novembro do mesmo ano, ganhou o 1º lugar no Concurso Internacional de Canto Lírico Premio Ciudad de Trujillo, no Peru.
Em 2008 Atalla Ayan foi um dos vencedores do Concurso Internacional de Canto‘’Licia Albanese’’ em Nova York, EUA. No Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a primeira interpretação foi a de Jaquino na ópera Fidelio de Beethoven. Foi Rodolfo em La Bohème, no Da Paz, em Belém.
No vasto repertório do artista estão obras de Mozart, Beethoven, Rossini, Bellini, Donizetti, Schubert, Schumann, Gounod, Massenet, Verdi, Gomes, Puccini, Cilea, Strauss, entre outros. Em 2009 esteve com a Orquestra Sinfônica Brasileira, no Rio de Janeiro para a apresentação de A Criação, de Haydn.
Em julho do ano passado, aos 25 anos, o paraense se apresentou em uma dos mais importantes recitais do mundo, no Central Park, realizado pelo Metropolitan.
A crítica do The New York Times definiu Atalla Ayan como “um achado”.


 
Atalla Ayan em cena com Laryssa
Alvarazi na ópera Romeo et Juliette de Gounod

Você sabia que...


 
 
Que o Brasil é o país mais rico em água doce do planeta? Nada mensos que 13,7 % de toda água do mundo está aqui.

Que o Pantanal, no Mato Grosso do Sul, é a maior área úmida continental do mundo?

Que a Amazônia abriga as mais extensas florestas alagadas do planeta?

Que 70% das internações hospitalares do Brasil são causadas por doenças relacionadas à água?

Que em todo mundo, cerca de 10 milhões de mortes anuais resultam de doenças intestinais transmitidas pela água?

Que menos de 1% da água doce do planeta está disponível para o consumo?

Que em todo mundo, a irrigação na agricultura responde por cerca de 70% do consumo de água; 20% vão para a indústria; e os 10% restantes destinam-se ao uso doméstico?

Que no Brasil, a agricultura consome 70% da água, as indústrias, 20%, e as residências 10%?

Que cada minuto de banho gasta de 3 a 6 litros de água?

Que você economiza 70 litros de água se fechar a torneira enquanto ensaboa a louça?

Que o mau uso do solo nas regiões ribeirinhas é o maior causador das enchentes?

Que em todo o mundo, as enchentes causam perdas econômicas de cerca de cinco bilhões de dólares?

Que 40 milhões de brasileiro não têm acesso a água?

Que o uso de água mais que triplicou entre 1950 e 1980?

Que em São Paulo, 70% da poluição das águas é de origem doméstica e 30% de origem industrial?

Que o índice de desperdício de água no Brasil chega a 40% entre a produção e os domicílios?
 
Fonte: WWF Brasil

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Jornalista paulista faz cinema no Pará



Líbero Luxardo, natural de São Paulo mas radicado no Pará na década de 1940, foi jornalista, político, intelectual e cineasta de grande expressão na cultura regional, autor dos romances Marajó e Um dia qualquer. Foi, também, um renovador da cinematografia nacional com o curta metragem Aruanã e os longas, Um Dia Qualquer, Marajó, Barreira do Mar e Três Balas e um Diamente – sobre o garimpo paraense – dos quais participaram apenas atores locais, e com os quais deu origem à indústria cinematográfica local.
Luxardo foi o primeiro cineasta a filmar longas com técnicos e atores paraenses, privilegiando temas amazônicos em seus roteiros. As trilhas sonoras de seus filmes também exaltavam a música do Pará, destacando artistas como o maestro Waldemar Henrique e o compositor Paulo André Barata.
Amante do Estado do Pará e da sétima arte, Luxardo é, até hoje, referência para as novas gerações de cineastas de toda a região.
O cineasta faleceu em 2 de novembro de 1980 vítima de câncer de próstata.

Fonte: historiadocinemabrasileiro.com.br

Play It Again, Woody



Adil Bahia



Outro dia, assistindo a apresentação de uma jovem cantora e instrumentista norte-americana chamada Esperanza Spalding me deliciava com a desenvoltura de quem, tão jovem, domina a técnica do hipnotismo. Sim porque o que ela faz a cada interpretação é um caso de polícia, algo que há tempos não se via ou ouvia em qualquer lugar do planeta.
Esse talento veio de Portland e admite ter recebido influências argentina, brasileira e muitas outras. Aliás, jazz é algo que curto desde a juventude e olha que sem ter o medo de ser taxado de “careta”, mas não me atreveria jamais dizer o que é bom ou ruim para os outros. Apenas para mim.
Gosto por acaso, de ouvir Woody Allen que às segundas envoltas de magia, se apresenta no Café Carlyle, na Madson Avenue, para tocar clarinete. Não sei se o que ouço é o músico ou o diretor, tudo o que ele representa para o cinema e relevo desafinações. Não sei. Aliás, nunca estive em Nova York. Nunca.
Lembrei agora de um episódio contado há mais de duas décadas por uma amiga que tinha os olhos brilhantes ao lembrar um antigo namorado, cuja maior importância foi durante viagem aos Estados Unidos, entrar no Carlyle, olhar para o palco, depois da meia-noite e ver uma pequena figura que atraia a atenção de todos no lugar. Depois de mais uma apresentação para Allen, o tal namorado, do qual ela nem lembra o nome, tomou coragem e foi até lá mesmo achando que poderia ser recebido como mais um daqueles fãs chatos que incomodam sempre.
Depois de se identificar, o brasileiro fez questão de se declarar fã do diretor que ocupava uma mesa de canto e se surpreendeu ao saber que, à época seus filmes já eram exibidos na região amazônica: “Meus filmes são vistos na Amazônia?”, indagou Allen. E recebeu resposta positiva com riqueza de detalhes sobre as salas que recebiam o seleto público que assistia as películas cultuadas, mas sem grandes audiências.
E daí que o Woody Allen toque muito mal seu clarinete. Ele que vá treinando bastante até que eu tenha a chance de conhecer Nova York. Eu continuo aqui na Amazônia assistindo a seus filmes irretocáveis. De repente, Esperanza também resolve falar sobre Amazônia para Allen ?

Meu e seu


   Se existe algo que eu lembro perfeitamente, nos mínimos detalhes e, que me faz ter uma sensação inexplicável dentro do peito, foi o dia em que o conheci. Cada traço do seu rosto, a cor dos seus olhos, seu perfume, seu abraço... Cada um dos seus detalhes foi armazenado no disco rígido do meu coração, na parte mais importante da memória. Eu já não tenho tantas palavras para falar de amor, já que é algo tão sublime e tão difícil de explicar que, por vezes, parece bem mais fácil sentir, apenas isso. Nós é que temos  mania de querer explicar tudo, mania de querer definir as coisas, de medir ou testar valores e sentimentos, mas o que importa mesmo é o que nos faz bem e feliz.
         A nossa história vai ser aquela que eu vou ter o prazer de contar para os meus filhos, para os filhos de meus filhos e a quem oportunidade de contar eu tiver, porque para mim, é a história de amor mais bem escrita, vivida e bonita que alguém já fez. Um amor. Uma verdade. Um sentimento, tudo isso vivido a dois e por dois corações distraídos que foram pegos de surpresa, mas que até hoje não se arrependem desse acaso, ou melhor, dessa armação do destino.
        Que a vida é uma caixinha de surpresas todo mundo já sabe, que tudo acontece em um tempo certo e na hora certa, também. Entretanto, a maior verdade é que, na maioria das vezes, não estamos preparados para receber tais “premiações”. Quando eu menos esperei, quando eu achei que não estaria pronta e quando eu tinha certeza de que amor era algo que não existia, ele apareceu; apareceu como um anjo, que me segurou entre as asas e me conduziu aos melhores momentos que já tive na vida.
        Pode parecer cedo para falar em “melhor”, mas fazer o quê, se até hoje é? Dizem por aí que só amamos uma vez na vida, e eu concordo inteiramente. Digo isso porque sei que paixões acontecem a todo o instante, entretanto, amor é uma vez, e só. É fácil apaixonar-se por alguém, para isso basta uma questão de afinidades, de comportamentos, de ensaios, de promessas e frases feitas. É essa a receita de uma paixão. Paixão também se pode ter por um livro, por uma jóia cara, por uma música, por uma profissão, por tudo que é capaz de agradar, e quando desagrada deixa de ser paixão, pode virar ódio e depois termina em ilusão.
       Até que chega o amor, desagradando tudo, sendo o oposto de tudo o que lhe convém; sendo o livro que você detesta ler, a música que você detesta ouvir, e as frases mais inesperadas que te fazem perder o chão, e muitas vezes, te deixa sem respostas. O amor vem tirando o ar, mostrando rebeldia, desobediência, magoando e consertando, sendo errado e sendo certo. Eis a contradição que amamos. É isso que amarra os nossos corações, e é isso que caracteriza o amor. Amar o contrário, amar o errado, amar o imperfeito, amar a dor, amar a sensação de não ter domínio pleno, amar o ser livre.
      Por essas e outras é que valorizamos tanto o amor. Só o amor nos faz diferentes a cada dia, esquecermos qualquer rotina, sermos vários em um, sermos um em vários. Demoramos a entender, mas um dia compreendemos que, só um ser vivente foi capaz de te fazer perder o sono; ter os maiores ataques de ciúmes; foi capaz de te causar as maiores decepções (não que elas tenham sido graves, mas é da natureza humana dramatizar tudo, e se tratando de amor então, todas as figuras ganham força e o deslize por menor que seja, acaba se tornando responsável por um abalo colossal.); só uma pessoa no mundo foi capaz de te distrair; te fez parecer louco quando, ao rir sozinho no meio da rua, percebeu que alguém te olhava com cara de espanto; só um ser na tua vida foi capaz de te fazer esquecer o mundo enquanto estava com ele; te fez ignorar tudo o que os outros diziam; te fez crer em cada palavra que dizia como se tudo fosse artigo de uma lei universal e te fez perdoar grandes mentiras.
         E então eu pergunto: Como depois de tantas artimanhas gostar de uma criatura dessas? O grande desafio do amor é te enlouquecer com essa pergunta, aprender a conviver com ela é que faz com que sejamos felizes e entender que jamais encontraremos a resposta é o que amenizará a inquietação de nosso espírito.
         Como respondê-la? Surge então a desculpa da compensação, na qual todos esses “defeitos” são justificados pelo bem que a pessoa lhe proporciona, mas é fácil desmentir essa teoria com o simples fato de que, se os mesmos atos fossem feitos por outra pessoa não causaria o mesmo efeito e então não nos satisfaria.
          Não adianta! Não há palavra no mundo que descreva o que sentimos nos poros quando somos tocados por quem amamos; o que sentimos no peito quando o coração pulsa acelerado ao ver aquela pessoa; o que sentimos nas veias quando recebemos um abraço, um beijo, um afago; nada explica o que é aquela presença que satisfaz, acalenta, regenera e constrói diariamente bases tão fortes dentro de você; coisa alguma explica a alegria que domina o corpo inteiro; a sensação de estar completo; a visão de perfeição que se forma daquele ser tão imperfeito quanto qualquer mortal; nada explica, nada supre, nada substitui, nada é comparável.
         É por essas e outras que eu o amo. Perto ou longe. Juntos ou separados. Para sempre, eu sei, eu tenho certeza, eu sinto. Meu amor é o dele, o dele é o meu e o nosso amor, esse é nosso e de mais ninguém. Fomos nós, que o construímos quando tivemos chance; fomos nós que o regamos diariamente para que ele não murchasse; nós que aparamos as arestas para que ele ficasse mais forte com o tempo; nós que o curamos quando ele se feriu; nós que zelamos por ele dia e noite, noite e dia, para que ele seja, hoje e sempre, perfeito.


Homenagem ao amor com cheirinho de chocolate.


                            

Texto de Raíssa Bahia, gentilmente cedido ao blog pela autora. Mais textos de Raíssa no blog Entreletr@s.


segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Paraense precursor do Surrealismo no Brasil


 
 
                                                                  Ismael Nery (1900-1934)
 
 
O paraense Ismael Nery é considerado por muitos estudiosos o precursor do movimento surrealista no Brasil. O artista teria recebido clara influência de pintores nacionais consagrados como Di Cavalcanti e Portinari, entre outros.
Nery nasceu em outubro de 1900 em Belém, mas viveu desde criança no Rio de Janeiro, onde estudo na Escola Nacional de Belas Artes. No início de sua produção, é evidente a predominância do expressionismo.
Depois ele viveu uma breve fase cubista. Viajou para a França em 1920 e estudou na Académie Julien, em Paris. Dois anos depois voltou ao Brasil, casou-se com a jornalista e escritora Adalgisa Nery que se tornou uma de suas modelos preferidas.
Em 1926, Nery dá início ao seu sistema filosófico de fundamentação católica e neotomista, denominado de Essencialismo. No ano segujinte, entra em contato na Europa com os surrealistas e sofre influência marcante de Marc Chagall, Andre Bretton e Marcel Noll.
O artista morreu bem jovem no Rio de Janeiro, em 6 de abril de 1934, vítima de tuberculose, diagnosticada depois de uma viagem ao Uruguai e Argentina em 1929. Durante dois anos esteve internado em um sanatório e quando parecia ter sido curado da doença, ela se manifestou mais uma vez, agora de forma irreversível em 1933. Ismael Nery foi enterrado vestindo um hábito dos franciscanos. A  homenagem foi feita pelos frades por sua ardorosa fé católica.
Apenas 30 anos depois de morto sua pequena produção de óleos, aquarelas e desenhos é valorizada e recebe uma exposição na 8ª Bienal Internacional de Artes de São Paulo em 1965.
Entre os trabalhos mais conhecidos do artista paraense estão Dois Amantes, Casal, Homem com Foice, Mulher e Cão, Duas Figuras e Paisagem com Casas.
 
 
 
                            
 
                      
Título: Autoretrato
Ano: 1930
Técnica: Óleo sobre papel
Dimensões 62x47.5 cm
Localização: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil

Amor — pois que é palavra essencial

 
     Foto: Spiros Spyridon N Politis
 



Carlos Drummond de Andrade


Amor — pois que é palavra essencial
comece esta canção e tudo a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
Reúna alma e desejo, membro e vulva.

Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma a expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?

O corpo noutro corpo entrelaçado,
Fundido, dissolvido, volta à origem
Dos seres, que Platão viu contemplados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.

Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?

Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentram.

Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara
mas, varado de luz, o coito segue.

E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da própria vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando.

E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o clímax:
é quando o amor morre de amor, divino.

Quantas vezes morremos um no outro,
no úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.

Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestre.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Expocachaça promove seis dias
de degustação grátis no Mercadão






Até o domingo, 9 de setembro, acontece na capital paulista, a 21ª Edição da Expocachaça Dose Dupla no Mercado Municipal Paulistano (centro de São Paulo).
A entrada é gratuita.
Os visitantes poderão provar diversos tipos de cachaças mineiras nos 50 stands montados no Mercadão, além de comprar suas preferidas em 25 lojas distribuídas pelo espaço.
Haverá, ainda, palestras gratuitas, ministradas por profissionais do setor, que vão fazer análises sensoriais da bebida e ensinar os consumidores a harmonizar o destilado com pratos variados.
A edição do ano passado atraiu cerca de 290 mil visitantes interessados em saber mais sobre o destilado, considerado a "Bebida Nacional do Brasil" por Decreto Federal.

Confira a programação dos cursos no site do evento:

http://www.expocachaca.com.br/2012/programacao-expocachaca-dose-dupla-2012/



Serviço:



Expo Cachaça Dose Dupla - Mercado Municipal - r. da Cantareira, 306, centro, São Paulo, SP. Horário: 11h às 18h. Grátis. Não recomendado para menores de 18 anos.

Fonte: Folha de São Paulo

sábado, 1 de setembro de 2012

 
 
ALMAS


Auta de Souza


Ó solitário das estradas,
Desventurado pensador,
Há no caminho “almas penadas”
Que vão clamando desoladas
A dor e o pranto, o pranto e a dor!...
Vós, que o silêncio amais no mundo,
Em orações ao pé do altar,
Sob as arcadas silenciosas,
Almas feridas, desditosas,
Oram convosco a soluçar.
Ao descansardes, meditando,
À sombra de árvores em flor,
Sabei que às vezes sois seguidos
Pelas angústias dos gemidos,
De almas chagadas no amargar.
Clareie a luz do sol-nascente,
Negreje a treva na amplidão,
Gemem na Terra muitos seres
Pelos amargos padeceres
Depois da morte, na aflição.
Dai-lhes dos vossos pensamentos
Consolação que adoce a dor,
Dai um conforto à desventura,
A prece cheia de ternura,
Algo de afeto, algo de amor!...

Do livro Parnaso de Além-Túmulo.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Amar é...


Albert Camus


Amar é...
sorrir por nada e ficar triste sem motivos
é sentir-se só no meio da multidão,
é o ciúme sem sentido,
o desejo de um carinho;
é abraçar com certeza e beijar com vontade,
é passear com a felicidade,
é ser feliz de verdade!


segunda-feira, 27 de agosto de 2012



“To be or not to be, that’s the question”


 'Hamlet'

William Shakespeare

Ato III
Cena 1
(…)
POLÔNIO
Você fica aqui, Ofélia. (Ao Rei.) E se apraz
A Vossa Graça, nos escondemos ali.
(Pra Ofélia.) Você lê este breviário
Pra que o exercício espiritual
Dê algum colorido à tua solidão.
Vamos ser acusados de coisa já tão provada;
Com um rosto devoto e alguns gestos beatos,
Açucaramos até o demônio.
REI
(À parte.) Oh, como isso é verdade!
que ardente chicotada em minha consciência é esse discurso.
A face da rameira, embelezada por cosméticos,
Não é mais feia para a tinta que a ajuda
Do que meu feito pra minha palavra mais ornamentada.
Oh, fardo esmagador!
POLÔNIO
Ele vem vindo. Vamos nos retirar, senhor.
(Saem Polónio e o Rei.)
HAMLET
Ser ou não ser eis a questão.
Será mais nobre sofrer na alma
Pedradas e flechadas do destino feroz
Ou pegar em armas contra o mar de angústias –
E, combatendo-o, dar-lhe fim? Morrer; dormir;
Só isso. E com o sono – dizem – extinguir
Dores do coração e as mil mazelas naturais
A que a carne é sujeita; eis uma consumação
Ardentemente desejável. Morrer – dormir –
Dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo!
Os sonhos que hão de vir no sono da morte
Quando tivermos escapado ao tumulto vital
Nos obrigam a hesitar: e é essa reflexão
Que dá à desventura uma vida tão longa.
Pois quem suportaria o açoite e os insultos do mundo,
A afronta do opressor, o desdém do orgulhoso,
As pontadas do amor humilhado, as delongas da lei,
A prepotência do mando, e o achincalho
Que o mérito paciente recebe dos inúteis,
Podendo, ele próprio, encontrar seu repouso
Com um simples punhal? Quem agüentaria fardos,
Gemendo e suando numa vida servil,
Senão porque o terror de alguma coisa após a morte –
O país não descoberto, de cujos confins
Jamais voltou nenhum viajante – nos confunde a vontade,
Nos faz preferir e suportar os males que já temos,
A fugirmos pra outros que desconhecemos?
E assim a reflexão faz todos nós covardes.
E assim o matiz natural da decisão
Se transforma no doentio pálido do pensamento.
E empreitadas de vigor e coragem,
Refletidas demais, saem de seu caminho
Perdem o nome de ação. (Vê Ofélia rezando.)
Mas, devagar, agora!
A bela Ofélia!
(Para Ofélia.) Ninfa, em tuas orações
Sejam lembrados todos os meus pecados.
OFÉLIA
Meu bom senhor, como tem passado todos esses dias?
HAMLET
Lhe agradeço humildemente. Bem, bem, bem.
OFÉLIA
Meu senhor, tenho comigo umas lembranças suas
Que desejava muito lhe restituir.
Rogo que as aceite agora.
HAMLET
Não, eu não;
Nunca lhe dei coisa alguma.
OFÉLIA
Respeitável senhor, sabe muito bem que deu;
E acompanhadas por palavras de hálito tão doce
Que as tornaram muito mais preciosas. Perdido o perfume,
Aceite-as de volta; pois, pra almas nobres,
Os presentes ricos ficam pobres
Quando o doador se faz cruel.
Eis aqui, meu senhor. (Dá os presentes a ele.)
HAMLET
Ah, ah! Você é honesta?
OFÉLIA
Meu senhor?!
HAMLET
Você é bonita?
OFÉLIA
O que quer dizer Vossa Senhoria?
HAMLET
Que se você é honesta e bonita, sua honestidade não deveria admitir qualquer intimidade com a beleza.
OFÉLIA
Senhor, com quem a beleza poderia ter melhor comércio do que com a virtude?
HAMLET
O poder da beleza transforma a honestidade em meretriz mais depressa do que a força da honestidade faz a beleza se assemelhar a ela. Antigamente isso
era um paradoxo, mas no tempo atual se fez verdade. Eu te amei, um dia.
OFÉLIA
Realmente, senhor, cheguei a acreditar.
HAMLET
Pois não devia. A virtude não pode ser enxertada em tronco velho sem pegar seu cheiro. Eu não te amei.
OFÉLIA
Tanto maior meu engano.
HAMLET
Vai prum convento. Ou preferes ser geratriz de pecadores? Eu também sou razoavelmente virtuoso. Ainda assim, posso acusar a mim mesmo de tais coisas que talvez fosse melhor m
era um paradoxo, mas no tempo atual se fez verdade. Eu te amei, um dia.
OFÉLIA
Realmente, senhor, cheguei a acreditar.
HAMLET
Pois não devia. A virtude não pode ser enxertada em tronco velho sem pegar seu cheiro. Eu não te amei.
OFÉLIA
Tanto maior meu engano.
HAMLET
Vai prum convento. Ou preferes ser geratriz de pecadores? Eu também sou razoavelmente virtuoso. Ainda assim, posso acusar a mim mesmo de tais coisas que talvez fosse melhor minha mãe não me ter dado à luz. Sou arrogante, vingativo, ambicioso; com
mais crimes na consciência do que pensamentos para concebê-los, imaginação para desenvolvê-los, tempo para executá-los. Que fazem indivíduos como eu rastejando entre o céu e a terra? Somos todos rematados canalhas, todos! Não acredite em nenhum de nós. Vai, segue pro convento. Onde está teu pai?
OFÉLIA
Em casa, meu senhor.
HAMLET
Então que todas as portas se fechem sobre ele, pra que fique sendo idiota só em casa. Adeus.
OFÉLIA
(À parte.) Oh, céu clemente, ajudai-o!
HAMLET
Se você se casar,
minha mãe não me ter dado à luz. Sou arrogante, vingativo, ambicioso; com
mais crimes na consciência do que pensamentos para concebê-los, imaginação para desenvolvê-los, tempo para executá-los. Que fazem indivíduos como eu rastejando entre o céu e a terra? Somos todos rematados canalhas, todos! Não acredite em nenhum de nós. Vai, segue pro convento. Onde está teu pai?
OFÉLIA
Em casa, meu senhor.
HAMLET
Então que todas as portas se fechem sobre ele, pra que fique sendo idiota só em casa. Adeus.
OFÉLIA
(À parte.) Oh, céu clemente, ajudai-o!
HAMLET
Se você se casar,
leva esta praga como dote:
Embora casta como o gelo, e pura como a neve, não escaparás
À calúnia. Vai pro teu convento, vai. Ou,
Se precisa mesmo casar, casa com um imbecil. Os espertos sabem muito bem em que monstros vocês os transformam. Vai prum conventilho, um bordel: vai – vai depressa! Adeus.
OFÉLIA
Ó, poderes celestiais, curai-o!
HAMLET
Já ouvi falar também, e muito, de como você se pinta. Deus te deu uma cara e você faz outra. E você ondula, você meneia, você cicia, põe apelidos nas criaturas de Deus, e procura fazer passar por inocência a sua volúpia. Vai embora – chega –
foi isso que me enlouqueceu.
Afirmo que não haverá mais casamentos. Os que já estão casados continuarão todos vivos – exceto um. Os outros ficam como estão. Prum bordel – vai! (Sai.)
OFÉLIA
Ó, ver tão nobre espírito assim tão transtornado!
O olho, a língua, a espada do cortesão, soldado, sábio,
Rosa e esperança deste belo reino,
Espelho do gosto e modelo dos costumes,
Admirado pelos admiráveis – caído assim, assim destruído!
E eu, a mais aflita e infeliz das mulheres,
Que suguei o mel musical de suas promessas,
Vejo agora essa razão nobre e soberana,
Descompassada e estridula como um sino rachado e rouco.
E coisa consagrada:
A loucura dos grandes deve ser vigiada.

No restaurante


                                     


- Quero lasanha.
Aquele anteprojeto de mulher - quatro anos, no máximo, desabrochando na  ultraminissaia - entrou decidida no restaurante. Não precisava de menu, não precisava de mesa, não precisava de nada. Sabia perfeitamente o que queria. Queria lasanha.
O pai, que mal acabara de estacionar o carro em uma vaga de milagre, apareceu para dirigir a operação-jantar, que é, ou era, da competência dos senhores pais.
- Meu bem, venha cá.
- Quero lasanha.
- Escute aqui, querida. Primeiro, escolhe-se a mesa.
- Não, já escolhi. Lasanha.
Que parada - lia-se na cara do pai. Relutante, a garotinha condescendeu em sentar-se primeiro, e depois encomendar o prato:
- Vou querer lasanha.
- Filhinha, por que não pedimos camarão? Você gosta tanto de camarão.
- Gosto, mas quero lasanha.
- Eu sei, eu sei que você adora camarão. A gente pede uma fritada bem bacana de camarão. Tá?
- Quero lasanha, papai. Não quero camarão.
- Vamos fazer uma coisa. Depois do camarão a gente traça uma lasanha. Que tal?
- Você come camarão e eu como lasanha.
O garçom aproximou-se, e ela foi logo instruindo:
- Quero uma lasanha.
O pai corrigiu:
- Traga uma fritada de camarão pra dois. Caprichada. A coisinha amuou. Então não podia querer? Queriam querer em nome dela? Por que é proibido comer lasanha? Essas interrogações também se liam no seu rosto, pois os lábios mantinham reserva. Quando o garçom voltou com os pratos e o serviço, ela atacou:
- Moço, tem lasanha?
- Perfeitamente, senhorita.
O pai, no contra-ataque:
- O senhor providenciou a fritada?
- Já, sim, doutor.
- De camarões bem grandes?
- Daqueles legais, doutor.
- Bem, então me vê um chinite, e pra ela... O que é que você quer, meu anjo?
- Uma lasanha.
- Traz um suco de laranja pra ela.
Com o chopinho e o suco de laranja, veio a famosa fritada de camarão, que, para surpresa do restaurante inteiro, interessado no desenrolar dos acontecimentos, não foi recusada pela senhorita. Ao contrário, papou-a, e bem. A silenciosa manducação atestava, ainda uma vez, no mundo, a vitória do mais forte.
- Estava uma coisa, hein? - comentou o pai, com um sorriso bem alimentado. - Sábado que vem, a gente repete... Combinado?
- Agora a lasanha, não é, papai?
- Eu estou satisfeito. Uns camarões tão geniais! Mas você vai comer mesmo?
- Eu e você, tá?
- Meu amor, eu...
- Tem de me acompanhar, ouviu? Pede a lasanha.
O pai baixou a cabeça, chamou o garçom, pediu. Aí, um casal, na mesa vizinha, bateu palmas. O resto da sala acompanhou. O pai não sabia onde se meter. A garotinha, impassível. Se, na conjuntura, o poder jovem cambaleia, vem aí, com força total, o poder ultrajovem.

(Carlos Drummond de Andrade)


A MULHER SELVAGEM E A PEQUENA AMANTE

Charles Baudelaire

“Francamente, minha querida, você me cansa sem limites e sem piedade; dir-se-ia que, ao ouvi-la suspirar, você sofre mais do que as colhedoras sexagenárias ou as velhas mendigas que juntam as crostas de pão na porta dos cabarés.
“Se, pelo menos, seus suspiros exprimissem remorsos, eles lhe fariam alguma honra; mas eles só traduzem a saciedade do bem-estar e a indolência do repouso. E, depois, você não cessa de repetir-se em palavras inúteis: ‘Ame-me muito! Preciso tanto. Console-me aqui e acarinhe-me ali. Escute, eu quero tentar curá-la, nós acharemos, talvez, um modo por dois tostões, no meio de uma festa e sem ir muito longe.
“Consideremos, eu lhe peço, esta sólida jaula de ferro atrás da qual se agita, gritando como um louco, segurando as barras como um orangotango exasperado pelo exílio, imitando, com perfeição, ora os saltos circulares de um tigre ora os bamboleios estúpidos de um urso branco, esse monstro peludo cujas formas imitam vagamente as suas.
“ Esse monstro é um desses animais a que chamamos geralmente de ‘Meu anjo’, isto é, uma mulher. O outro monstro, o que grita ensurdecedoramente, com um porrete na mão, é um marido. Ele prendeu a mulher legítima como uma fera e a exibe nos subúrbios nos dias de feira, com permissão dos magistrados, é óbvio.
“Atente bem! Veja com que voracidade (talvez não simulada) ela dilacera os coelhos vivos e as galinhas pipiladoras que lhe joga seu domador. ‘Vamos, não precisa comer todo o seu patrimônio num único dia’, e, com estas sábias palavras, arranca-lhe, cruelmente, a presa cujos intestinos desenrolados ficam pendurados nos dentes da besta feroz, da mulher, quero dizer.
“Vamos! Agora umas boas porretadas para acalmar! Pois ela fixa os terríveis olhos cobiçosos sobre a comida retirada. Grande Deus! O porrete não é um pau de comédia, você não ouviu o som das pancadas na carne, apesar dos pêlos postiços? Também, agora, os olhos saltam fora das órbitas, ela urra mais naturalmente. Em seu ódio, ela cintila toda por inteiro, como o ferro batido.
“Tais são os costumes conjugais desses dois descendentes de Adão e Eva, obras de suas mãos, ó Deus! Essa mulher é incontestavelmente infeliz, embora, depois de tudo, os prazeres tiritantes da glória não lhe sejam desconhecidos. Existem infelicidades mais irremediáveis e sem compensação. Mas no mundo onde ela foi jogada jamais pôde crer que a mulher merecesse outro destino,
“Agora, nós dois, cara preciosa! Ao ver os infernos que povoam o mundo, o que você quer que eu pense de seu inferno bonitinho, você que não repousa senão sobre tão macias almofadas quanto a sua pele, você que só come carne cozida e para quem uma criada hábil cuida de trinchar os pedaços?”
“O que podem significar para mim todos esses pequenos suspiros que enchem seu peito perfumado, robusta coquete? E todas estas afetações aprendidas nos livros e essa infatigável melancolia, feitas para inspirar no espectador nenhum outro sentimento que não seja o de piedade? Em verdade, às vezes tenho vontade de lhe ensinar o que é a verdadeira infelicidade.”
“Ao vê-Ia assim, minha bela delicada, com os pés na lama e os olhos voltados para o céu, como a lhe pedir um rei, dir-se-ia que se tratava de uma jovem rã que invocaria um ideal. Se você despreza o pequeno suporte (o que eu sou no momento, como você bem sabe) cuide do grou que a devorará, engolirá e a matará quando quiser.
“Mesmo sendo eu poeta, não sou um tolo, como você crê, e se você me cansar sempre e muito com suas preciosas choradeiras, eu a tratarei como mulher selvagem, ou a jogarei pela janela como uma garrafa vazia.”

Panis Et Circenses

 

 

Gilberto Gil e Caetano Veloso

Eu quis cantar
Minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no ar
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer

Mandei fazer
De puro aço luminoso um punhal
Para matar o meu amor e matei
Às cinco horas na avenida central
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer

Mandei plantar
Folhas de sonho no jardim do solar
As folhas sabem procurar pelo sol
E as raízes procurar, procurar

Mas as pessoas na sala de jantar
Essas pessoas na sala de jantar
São as pessoas da sala de jantar
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
 
 
Fumo
Florbela Espanca

Longe de ti são ermos os caminhos
Longe de ti não há luar nem rosas
Longe de ti há noites silenciosas
Há dias sem calor, beirais sem ninhos

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas
Abertos sonham mãos cariciosas
Tuas mãos doces, plenas de carinho

Os dias são outonos: choram, choram
Há crisântemos roxos que descoram
Há murmúrios dolentes de segredo
Invoco o nosso sonho, entendo os braços

e é ele oh meu amor, pelos espaços
fumo leve que foge entre os meus dedos.

sábado, 25 de agosto de 2012

A despedida do Trema


                                     

 Estou indo embora. Não há mais lugar para mim. Eu sou o Trema. Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüíferos, nas lingüiças e seus trocadilhos por mais de quatrocentos e cinqüenta anos.
   Mas os tempos mudaram. Inventaram uma tal de reforma ortográfica e eu simplesmente tô fora. Fui expulso pra sempre do dicionário. Seus ingratos! Isso é uma delinqüência de lingüistas grandiloqüentes!…
   O resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio… A letra U se disse aliviada porque vou finalmente sair de cima dela. O “dois-pontos” disse que sou um preguiçoso que trabalha deitado, enquanto ele fica em pé. Até o cedilha foi a favor da minha expulsão; aquele C cagão que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra.
   E também tem aquele obeso do O e o anoréxico do I. Desesperado, tentei chamar o Ponto Final pra trabalharmos juntos, fazendo um bico de reticências, mas ele negou, sempre encerrando logo todas as discussões. Será que se deixar um topete moicano posso me passar por aspas?… A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K e o W, “Kkk” pra cá, “www” pra lá.
   Até o Jogo da Velha, que ninguém nunca ligou, virou celebridade nesse tal de Twitter, que aliás, deveria se chamar TÜITER.
   Chega de argüição, mas estejam certos, seus moderninhos: haverá conseqüências! Chega de piadinhas dizendo que estou “tremendo” de medo. Tudo bem, vou-me embora da língua portuguesa. Foi bom enquanto durou. Vou para o alemão, lá eles adoram os tremas.       E um dia vocês sentirão saudades. E não vão agüentar!…
   Nós nos veremos nos livros antigos. Saio da língua para entrar na história.
                                                                                   


Adeus,
Trema.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Mercedes Sosa - Gracias a La Vida



Violeta Parra

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me dio dos luceros que cuando los abro
Perfecto distingo lo negro del blanco
Y en el alto cielo su fondo estrellado
Y en las multitudes el hombre que yo amo

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado el oído que en todo su ancho
Graba noche y día grillos y canarios
Martirios, turbinas, ladridos, chubascos
Y la voz tan tierna de mi bien amado

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado el sonido y el abecedario
Con él, las palabras que pienso y declaro
Madre, amigo, hermano
Y luz alumbrando la ruta del alma del que estoy amando

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado la marcha de mis pies cansados
Con ellos anduve ciudades y charcos
Playas y desiertos, montañas y llanos
Y la casa tuya, tu calle y tu patio

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me dio el corazón que agita su marco
Cuando miro el fruto del cerebro humano
Cuando miro el bueno tan lejos del malo
Cuando miro el fondo de tus ojos claros

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto
Así yo distingo dicha de quebranto
Los dos materiales que forman mi canto
Y el canto de ustedes que es el mismo canto
Y el canto de todos que es mi propio canto

Gracias a la vida, gracias a la vida

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Hit


    Sinto que somos uma canção que não toca mais no rádio e que as pessoas só lembram vagamente do refrão. Parece que fomos a sensação do momento, até que apareceu algo melhor que a gente e não pudemos suportar a competição. Fomos fracos, tentamos pouco. Não buscamos coragem pra seguir compondo ou tentando vender nossa música. Nós dois sabemos que existiam pessoas interessadas em nos ouvir, pagar pelo nosso som e dançar com as nossas melodias. Mas fracassamos em não conseguir encontrar coragem um no outro.

      Nosso tempo passou. Agora existem outras coisas que me motivam a compor e você talvez apenas continue tocando aquela mesma canção. Mas no momento em que eu percebi que estávamos estagnados e o mundo continuava girando, tomei a decisão de compor minhas próprias músicas e seguir um caminho diferente do seu. Porque assim como o mundo cobrava algo novo na nossa relação imutável, eu precisava de renovação. Pena que não encontrei do seu lado. Uma pena...



Texto de Renan Mendes, gentilmente cedido ao Litros e Letras pelo autor. Mais textos de Renan em http://renaomendes.blogspot.com.br/

PORQUE LIVROS TRANSFORMAM O MUNDO



“Livros transformam o mundo, livros transformam pessoas” este é o tema da 22ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que acontece entre 9 e 19 de agosto no pavilhão de Exposições do Anhembi. Com uma programação abrangente, o evento mescla literatura com diversão, negócios, gastronomia e cultura.
A Bienal reunirá as principais editoras, livrarias e distribuidoras do país. São cerca de 480 expositores participantes que apresentarão para 800 mil visitantes seus mais importantes lançamentos em um espaço total de 60 mil m².
A primeira edição da Bienal Internacional do Livro, realizada exclusivamente pela CBL, aconteceu entre 15 e 30 de agosto de 1970, no mesmo edifício da Bienal de Arte, essa primeira feira reuniu algumas centenas de editoras nacionais e estrangeiras e atraiu milhares de pessoas, adultos, jovens e crianças. Já na 2ª Bienal, em 1972, o total de visitantes chegou a 80 mil e o de expositores passou de 700.
Em 1996, para abrigar um maior número de expositores e proporcionar maior conforto ao público, ela passou a ser realizada no Expo Center Norte. Em razão do crescimento contínuo de público e expositores, em 2002, ela foi para o Centro de Exposições Imigrantes (com 45 mil metros quadrados de área), até finalmente chegar, em 2006, ao Anhembi, o maior centro de exposições da América Latina. Em 2008, a Bienal chegou a sua 20ª Edição e o público infanto-juvenil foi contemplado com o projeto Ler é a Minha Praia.
Em 2010, a Reed Exhibitions Alcantara Machado passou a ser a organizadora oficial da Bienal em parceria com a CBL. Nesse ano a CBL levou uma programação cultural intensa e diversificada atraindo 743 mil visitantes e ampliando o prestígio e importância à Bienal de São Paulo.
Esse ano, a previsão é trazer mais de 800 mil visitantes para a feira que terá uma programação cultural diferenciada que, como sempre, terá o objetivo de incentivar o gosto pelos livros e pela leitura.
Fonte: Site Câmara Brasileira do Livro (www.cbl.org.br)



SERVIÇO:

22ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo

De 9 a 19 de Agosto de 2012
Pavilhão de Exposições do Anhembi
Av. Olavo Fontoura, 1.209 - Santana - CEP 02012-021 São Paulo - SP


Horário de Visitação:De 09 a 18 de agosto, das 10h às 22h
Dia 19 de agosto, das 10h às 20h, com entrada até as 18h

Ingressos: R$ 12

As mais mais

                                                                                            

Hoje, quinta-feira, o Litros & Letras começa a oferecer dicas para um fim de semana proveitoso e moderado, diga-se de passagem. Apreciar uma boa bebida não significa beber até cair. Já pensou convidar um grupo de amigos, mostrar no home theater um clássico com a estonteante Audrey Hepburn ou curtir o cd que acabou de comprar e está a fim de ouvir ao lado daquele (a) que você colocou em primeiro lugar no ranking "mais mais" da faculdade ou do trabalho? Sirva pura em copo alto com bastante gelo e decore com um pequeno talo de hortelã e uma cereja ou azeitona. Como tira-gosto? Ora, o que pensou em fazer com o que restou da azeitona ou da cereja?

A Wyborowa é elaborada a partir do centeio e tri-destilada

Se o seu estilo é desportista e você é daqueles que valoriza muito o aquecimento antes de dar o "show no tatame" a dica é uma  saborosa Vodka Wiborowa Single Estate 750 ml com custo médio de R$ 150.  A Wyborowa é considerada a rainha das Vodkas polonesas, triplamente destilada e produzida com ingredientes nobres. O sabor único, suave, levemente adocicado, nos faz lembrar imediatamente a origem principal da matéria-prima - o centeio. Esta tradicional receita polonesa, faz da Wyborowa uma bebida apreciada e admirada no mundo inteiro.
                                                   Fabricante: Pernod Ricard
                                                   Graduação alcoólica: 40 %
                                                           Garrafa 750 ml

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Anarquista, graças a Deus


                                       Jean Desire Gustave Courbet  (1819 - 1877)

Este blog presta hoje uma homenagem a um dos mais talentosos pintores da escola realista francesa. Gustavo Courbet (Ornans, 10 de Junho de 1819 — La Tour-de-Peilz, 31 de Dezembro de 1877) foi acima de tudo um pintor de paisagens campestres e marítimas onde o romantismo e idealização da altura são substituídos por uma representação da realidade fruto de observação directa. Esta busca da verdade é transposta para a tela em pinceladas espontaneas que não deixam de lado os aspectos menos estéticos do que é observado.


                Obra: "Portrait of Hector Berlioz" (1803-1869)

Courbert nasceu numa família de milionários na França. Depois de frequentar um colégio no Marrocos, começou a ter aulas de pintura e iniciou seus estudos de direito em Paris. Finalmente decidiu estudar desenho e pintura por iniciativa própria, copiando os grandes mestres no Louvre, principalmente Hals e Velázquez. Suas primeiras obras foram uma série de auto-retratos. Em 1844 expôs pela primeira vez no Salão de Paris e dois anos mais tarde apresentou os quadros Enterro em Ornans e O Ateliê do Artista, que lhe custaram críticas severas e a recusa do Salão de Paris devido aos seus temas demasiadamente prosaicos. Courbet não se deu por vencido e construiu um pavilhão perto do Salão, onde expôs quarenta e quatro de suas obras, que chamou de realista, fundando assim esse movimento.



                        Obra: "Woman in White Stockings"
O público não viu com satisfação essa nova estética das classes trabalhadoras. Courbet, enquanto isso, estava reunido para compartilhar opiniões com seus amigos, entre eles o pintor e notável teórico anarquista Proudhon, o escritor Baudelaire e o irônico caricaturista Daumier.
Já se discutiu muito sobre os motivos que teriam levado Courbet a escolher os trabalhadores como tema. De fato, os homens de seus quadros não expressam nenhuma emoção e mais parecem parte de uma paisagem do que seus personagens. Courbet se manteve, nesta etapa realista, muito longe do colorismo romântico, aproximando-se, em compensação, do realismo tenebroso espanhol do barroco, com uma profusão de pretos, ocres e marrons, banhados por uma pátina cinza. Comprova-se isto no seu quadro mais importante, O Ateliê do Artista (1855), em que manifestou sua desaprovação em relação à sociedade.


                         Obra: "The origin of the world"

Por volta de 1850, o realismo de Courbet foi se apagando e deu lugar a uma pintura de formas voluptuosas e conteúdo erótico, de figuras femininas no estilo de Ingres, mas mais descarnadas. A elas seguiu-se uma série de naturezas mortas, quadros de caça e paisagens marinhas que confirmaram sua capacidade criativa e técnica impecável. Por volta de 1870, Courbet foi acusado de ter destruído uma coluna da praça Vendôme, o que levou o pintor a se mudar para Viena. Em Paris, suas obras foram rejeitadas, e o ateliê do artista foi leiloado para pagar a restauração da coluna.

Informações: Wikipédia

domingo, 5 de agosto de 2012

Como as mulheres dominaram o mundo

                                     

Conversa entre pai e filho, por volta do ano de 2031 sobre como as mulheres dominaram o mundo.
- Foi assim que tudo aconteceu, meu filho...
Elas planejaram o negócio discretamente, para que não notássemos Primeiro elas pediram igualdade entre os sexos. Os homens, bobos, nem deram muita bola para isso na ocasião. Parecia brincadeira.
Pouco a pouco, elas conquistaram cargos estratégicos: Diretoras de Orçamento, Empresárias, Chefes de Gabinete, Gerentes disso ou daquilo.
- E aí, papai?
- Ah, os homens foram muito ingênuos. Enquanto elas conversavam ao telefone durante horas a fio, eles pensavam que o assunto fosse telenovela. Triste engano. De fato, era a rebelião se expandindo nos inocentes intervalos comerciais. "Oi querida!", por exemplo, era a senha que identificava as líderes. "Celulite", eram as células que formavam a organização. Quando queriam se referir aos maridos, diziam "O regime".
- E vocês? Não perceberam nada?
- Ficávamos jogando futebol no clube, despreocupados. E o que é pior: 
Continuávamos a ajudá-las quando pediam. Carregar malas no aeroporto, consertar torneiras, abrir potes de azeitona, ceder a vez nos naufrágios. Essas coisas de homem.
- Aí, veio o golpe mundial?!?
- Sim o golpe. O estopim foi o episódio Hillary-Mônica. Uma farsa. Tudo armado para desmoralizar o homem mais poderoso do mundo. Pegaram-no pelo ponto fraco, coitado. Já lhe contei, né? A esposa e a amante, que na TV posavam de rivais eram, no fundo, cúmplices de uma trama diabólica. Pobre Presidente...
- Como era mesmo o nome dele?
- William, acho. Tinha um apelido, mas esqueci... Desculpe, filho, já faz tanto tempo...
- Tudo bem, papai. Não tem importância. Continue...
- Naquela manhã a Casa Branca apareceu pintada de cor-de-rosa. Era o sinal que as mulheres do mundo inteiro aguardavam. A rebelião tinha sido vitoriosa! Então elas assumiram o poder em todo o planeta. Aquela torre do relógio em Londres chamava-se Big-Ben, e não Big-Betty, como agora... Só os homens disputavam a Copa do Mundo, sabia? Dia de desfile de moda não era feriado. Essa Secretária Geral da ONU era uma simples cantora. Depois trocou o nome, de Madonna para Mandona...
- Pai, conta mais...
- Bem filho... O resto você já sabe.
Instituíram o Robô "Troca-Pneu" como equipamento obrigatório de todos os carros...
A Lei do Já-Prá-Casa, proibindo os homens de tomar cerveja depois do trabalho...
E, é claro, a famigerada semana da TPM, uma vez por mês...
- TPM???
- Sim, TPM... A Temporada Provável de Mísseis... E quando elas ficam irritadíssimas e o mundo corre perigo de confronto nuclear...
- Sinto um frio na barriga só de pensar, pai...
- Sssshhh! Escutei barulho de carro chegando. Disfarça e continua picando essas batatas...


Luis Fernando Veríssimo