terça-feira, 11 de setembro de 2012

Play It Again, Woody



Adil Bahia



Outro dia, assistindo a apresentação de uma jovem cantora e instrumentista norte-americana chamada Esperanza Spalding me deliciava com a desenvoltura de quem, tão jovem, domina a técnica do hipnotismo. Sim porque o que ela faz a cada interpretação é um caso de polícia, algo que há tempos não se via ou ouvia em qualquer lugar do planeta.
Esse talento veio de Portland e admite ter recebido influências argentina, brasileira e muitas outras. Aliás, jazz é algo que curto desde a juventude e olha que sem ter o medo de ser taxado de “careta”, mas não me atreveria jamais dizer o que é bom ou ruim para os outros. Apenas para mim.
Gosto por acaso, de ouvir Woody Allen que às segundas envoltas de magia, se apresenta no Café Carlyle, na Madson Avenue, para tocar clarinete. Não sei se o que ouço é o músico ou o diretor, tudo o que ele representa para o cinema e relevo desafinações. Não sei. Aliás, nunca estive em Nova York. Nunca.
Lembrei agora de um episódio contado há mais de duas décadas por uma amiga que tinha os olhos brilhantes ao lembrar um antigo namorado, cuja maior importância foi durante viagem aos Estados Unidos, entrar no Carlyle, olhar para o palco, depois da meia-noite e ver uma pequena figura que atraia a atenção de todos no lugar. Depois de mais uma apresentação para Allen, o tal namorado, do qual ela nem lembra o nome, tomou coragem e foi até lá mesmo achando que poderia ser recebido como mais um daqueles fãs chatos que incomodam sempre.
Depois de se identificar, o brasileiro fez questão de se declarar fã do diretor que ocupava uma mesa de canto e se surpreendeu ao saber que, à época seus filmes já eram exibidos na região amazônica: “Meus filmes são vistos na Amazônia?”, indagou Allen. E recebeu resposta positiva com riqueza de detalhes sobre as salas que recebiam o seleto público que assistia as películas cultuadas, mas sem grandes audiências.
E daí que o Woody Allen toque muito mal seu clarinete. Ele que vá treinando bastante até que eu tenha a chance de conhecer Nova York. Eu continuo aqui na Amazônia assistindo a seus filmes irretocáveis. De repente, Esperanza também resolve falar sobre Amazônia para Allen ?

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