Hoje eu
fui assistir ao filme do Raul Seixas e foi um dos filmes que sempre vai me
roubar uma lágrima.
Sou
extremamente suspeita em falar do Raul, tenho um pai que é super fã, daqueles
que tinha a barba igual e era tão magro quanto ou tão bêbado ou tão louco. Bom,
ele me criou escutando um cara falar que era a Mosca na sopa, e eu quando era
criança imaginava mesmo um prato de sopa com uma mosca atrapalhando a pessoa a
comer. Adorava, achava muito divertido imaginar a cara da pessoa tentando comer
e a mosquinha lá sempre empatando. Tinha Tente outra vez, que eu adorava sempre
me lembrei da minha amada matemática com essa música, até hoje tento outra
vez... e meu pai, sempre muito paciente comigo, ia me explicando o que o cara
louco estava tentando cantar e ia me contando um pouco do cara também. E o amor
dele por esse cara era tão grande, que eu acabei me apaixonando também.
Desde os
meus 10 anos eu já acreditava que muitas coisas que esse povo fazia ou fez era
um absurdo, que uma sociedade alternativa seria muito bom. Tudo bem que eu
nunca fui tão extremista, mas sempre quis viver em uma sociedade em que eu
pudesse ser apenas o que eu tivesse afim de ser, sempre sofri por ser desligada
das coisas que todo mundo gostava, era por que eu gostava do Raul e de outros caras
que meus coleguinhas não conheciam. O Raul me fez acreditar que eu podia sim
ter um gosto diferente e ser uma pessoa boa, uma pessoa normal.
Hoje, eu
e meu pai chegamos na sala do cinema e pra nossa surpresa tinham 8 pessoas.
Estranho, eu e ele sempre achamos muito estranho essa mania desse povo em
ignorar a verdade: que somos manipulados por boa parte do tempo. E ignorando
assim o direito de reivindicar algo diferente por uma outra alternativa. Dá pra
pensar diferente porque nenhuma verdade é absoluta, de todos os ensinamentos do
Raul esse é o melhor é o que eu tenho como pensamento diário. Esse pensamento
permite que eu me reinvente todo dia em uma sociedade sem alternativas.
Ao sair
da sessão, comentei com meu pai que tinha vontade de obrigar esses meninos
idiotas que se dizem roqueiros só porque andam com blusa de banda e os caralhos
pra cima e pra baixo, a assistir esse filme e ver que rock é muito mais que
musica é uma atitude é uma forma de levar a vida. Pedro Bial falou que o Raul não era um cantor
ou um músico, ele era um vômito de pensamentos. Nunca vi descrição mais bonita
pra ele, é bem isso mesmo. Ele não se continha e por isso incomodava muitos na
época.
Aos que
gostam assistam e aos que não conhecem também assistam...
"Raul
Seixas o pai do Rock" (Salvador, 28 de junho de 1945 – São Paulo, 21 de Agosto
de 1989).
Texto de Luana dos Anjos, gentilmente cedido ao blog pela autora. Mais textos de Luana em http://devaneiosdeumanjo.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário